Quando o livro “The Green Kitchen” veio parar às minhas mãos foi amor à primeira vista.
Isto pode não parecer muito importante, mas apaixonar-me assim por um livro de comida vegetariana “pura”, que vai muito além dos tofus, das quiches de legumes e dos vegetais recheados é algo de que eu não estava à espera.
Tudo começou quando conheci o blogue, por causa de uma pesquisa que estava a fazer. Já tinha ouvido falar, mas “ah e tal é comida vegetariana”, e não lhe liguei muito. Depois comecei a acompanhar o instagram e, com o passar do tempo comecei a achar uma certa piada. Fui investigar o blogue mais a fundo e achei mesmo que tinha de ter o livro. E encomendei-o.
Muitas das receitas que se vêm agora, nesta onda de comida mais natural, são fortemente inspiradas pelo David e pela Luise. E não, não tem mal nenhum, porque todos nos inspiramos em alguma coisa e todos nos inspiramos uns nos outros. E eles têm-me inspirado. A experimentar ingredientes novos e a olhar de outra forma para os alimentos. Talvez tudo se tenha proporcionado assim, porque também eu já tinha passado a olhar com outros olhos para os alimentos e encontrei nas palavras deles pontos em comum…
No entanto, assim que abri o livro, houve outra coisa que me apaixonou. De tal forma que já era tarde e eu lia em voz alta, na cama, ao Miguel, uma das introduções que eles fazem no livro, intitulada “Healthy Start”, e que se refere à iniciação alimentar da filha mais velha. Apesar de aqui em casa não sermos vegetarianos, temos muitas ideia em comum acerca do que os nosso filhos devem ou não comer. Não me quero alongar neste capítulo, porque já todos sabem a minha opinião acerca de nunca ter dado doces - nem sequer uma bolacha Maria, ao Zé Maria (e muito menos papa de compra. Mas quando eles escrevem qualquer coisa como “Nos primeiros dois anos de vida de uma criança somos nós, como adultos, que escolhemos os alimentos que os nosso filhos devem comer e eles aprendem essas escolhas - a responsabilidade é nossa. Quando alguém quer dar um gelado ao nosso filho, não é porque ele esteja a pedir, é porque pura e simplesmente lhe querem dar um gelado. E sobre isto vale a pena pensar”, este pequeno parágrafo fez-me ter a certeza de que as escolhas que eu estou a fazer agora pelo Zé Maria são a minha forma de o educar para a alimentação. E que eu não estou a pensar nem a agir de uma forma errada. Estou apenas a fazer o que acho melhor para o meu filho. Como outro pai fará de outra maneira que ache que é melhor para o seu filho.
Por isto e por tudo o resto, o livro ainda não saiu das minhas mãos. E no dia seguinte a ter chegado cá a casa fiz a primeira receita, que entretanto já repeti mais 3 vezes, sempre com fantásticos resultados e com uns pãezinhos fofos e deliciosos que tenho comido ao pequeno almoço, ou ao lanche com uma chávena de chá.
Tal como nenhuma outra receita do livro, estes pãezinhos não levam açúcar refinado, ou qualquer produto menos “natural”. Levam apenas um pouco de adoçante natural (mel ou outro) na massa e são depois apenas adoçados naturalmente com a maçã. E são óptimos para congelar. Congelei individualmente e depois basta tirar e deixar descongelar à temperatura ambiente. Ficam na mesma fofos e saborosos. Já vos disse que repeti esta receita mais de 3 vezes?
(E não se esqueçam que estão todos convidados a irem ao Christmas Market da Quinta do Ribeiro em Antuzede, Coimbra, dias 22 e 23 de Novembro. A entrada é gratuita e é um mercado de prendas de natal, desde as louças, à decoração, joalharia, moda, gourmet, momentos musicais e workshops. No Sábado, dia 22 lá estarei pelas 15h a cozinhar para todos aqueles que quiserem assistir e provar!
E ainda há algumas vagas para o Workshop de Cabazes de Natal no Porto: Será nos Workshops pop-up, na Rua do Almada dia 29 ou 30 de Novembro, pelas 15h e poderão inscrever-se ou informar-se através de info@workshops-popup.com)
Ingredientes para cerca de 14 pãezinhos:
(ligeiramente adaptado de “The Green Kitchen”, página 208)
Massa:
1 saqueta de levedura seca (usei fermipan)
1/2 colher de sopa de cardamomo em pó
50g de manteiga
250ml de leite
5 colheres de sopa de mel
250g de farinha
150g de farinha integral
Recheio:
50g de manteiga à temperatura ambiente
120ml de puré de maçã (maçã cozida apenas em água, bem escorrida e reduzida a puré)
1 maçã ralada e com o excesso de líquido escorrido
2 colheres de sopa de coco ralado
1/2 colher de sopa de cardamomo em pó
1 ovo batido para pincelar
Preparação:
Num tacho derreta a manteiga juntamente com o leite e o mel, até que fiquem mornos - cerca de 40ºC.
Numa taça grande coloque o fermento e o cardamomo em pó e acrescente a mistura de leite morno e dissolva. Acrescente depois as farinhas e misture bem, amassando até formar uma massa macia e que não seja peganhenta (pode sempre ter de acrescentar um pouco mais de farinha para que a massa fique no ponto). Forme uma bola e deixe a massa levedar dentro da taça e coberta com um pano limpo até ter dobrado de volume.
Depois, numa superfície enfarinhada estique a massa até ter um rectângulo com cerca de 50x45cm e cerca de 5mm de espessura.
Pincele depois sobre a massa a manteiga, e espalhe uniformemente o puré de maçã bem como a maça ralada, o coco ralado e o cardamomo.
Dobre a massa em 3, primeiro dobrando uma parte até 2/3 da massa e depois dobrando a outra parte para cima da parte dobrada, ficando na mesmo com um rectângulo, mas mais estreito.
Com uma faca afiada corte depois a massa em cerca de 14 fatias de 3cm e, cuidadosamente torça cada fatia e depois enrole-a de modo a ficar com uma “coroa”, enfiando as pontas da massa no centro. Repita até formar todos os pãezinhos.
coloque os pãezinhos num tabuleiro forrado com papel vegetal e deixe a levedar, tapado, por mais 30 minutos.
Pincele-os depois com o ovo batido e leve-os a cozinhar em forno previamente aquecido a 220ºC durante cerca de 10-12 minutos.
Coma mornos ou depois de frios, de preferência com uma chávena de chá.
Bom Apetite!